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Triatleta briga por vaga nas Paraolimpíadas de 2012
terça-feira, 4 de maio de 2010
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 Divulgação


Ao imaginar um portador de deficiência visual, é difícil pensar que ele possa praticar sem nenhum problema esportes que necessitam da visão, como natação, corrida e ciclismo.
Marleide Maria da Silva, vítima de retinose pigmentar (doença degenerativa ainda sem cura), perdeu 100% da visão e é um exemplo de superação e determinação em relação a qualquer tipo de esporte. A pernambucana nascida em Caraibeiras, interior de Pernambuco, está em Santos há mais de cinco anos e em 2007 foi consagrada a primeira deficiente visual triatleta da América Latina. Marleide foi três vezes campeã brasileira no campeonato de Ciclismo Paraolímpico em 2007, 2008 e 2009.A triatleta participará da Copa do Brasil de 2010 que acontecerá esse mês, e dependendo de sua classificação irá competir no Campeonato Mundial no Canadá. O objetivo é conseguir acumular pontos para uma possível participação nas Paraolimpíadas de 2012.Marleide ficou cega aos poucos devido à doença degenerativa que possuía. Em 1992, quando teve seu primeiro e único filho, ela teve derrame nos olhos. Foi aí que descobriu a retinose pigmentar. “Depois de diagnosticada a doença me separei, pois meu marido não quis ficar com uma pessoa que provavelmente ficaria cega. Mas foi em 2005 que eu realmente descobri o que era ser cega”, conta.Ao chegar em Santos, a esportista foi morar com a irmã que a incentivou a praticar esportes. Começou pela natação. Foi até a prefeitura e pediu por uma vaga para que pudesse aprender a nadar. Depois disso começou a correr também e a participar de campeonatros de biatlhon (natação e corrida). “Recebi, depois de um tempo, um convite para participar do triathlon (natação, corrida e ciclismo). Como eu não tinha bicicleta, até pensei em não aceitar, mas o organizador do evento me emprestou uma e, graças a ele, consegui participar da prova. Desde então nunca mais parei de pedalar”, diz.A atleta explica que possui guias em todas as modalidades esportivas que a auxiliam nos treinos e provas. As guias permanecem ao seu lado durante todo o trajeto percorrido e juntas consideram-se uma só. São três voluntárias que acompanham Marleide. Na natação é a técnica Marília Santos Vivian. Na corrida é a dona-de-casa Elza Loureiro e no ciclismo a professora de Educação Física, Nelma Raizer.A triatleta participou de vários campeonatos, assim como foram inúmeras as vitórias. Entre os mais marcantes, ela destaca a primeira prova de biathlon, o primeiro troféu de triathlon e as vitórias no Campeonato Brasileiro. “São tantos campeonatos que eu não faço idéia de quantos foram, muito menos de quantos vitórias obtive. Mas é claro que existem aqueles que se tornaram inesquecíveis para mim, como foi o campeonato de 2007, onde levei o título de primeira deficiente visual triatleta da América Latina. Foi uma sensação maravilhosa”, relata.Apesar das dificuldades enfrentadas devido ao não incentivo do governo nesse tipo de projeto, Marleide nunca pensou em desistir. Mesmo tendo que tirar do próprio bolso o dinheiro do tênis que estragava, do pneu da bicicleta que furava ou qualquer eventual problema que aconteça durante as provas, ela sempre se manteve confiante e determinada.“Desistir não é comigo. Às vezes fico chateada por não haver patrocínio por parte dos governantes, pois tiramos dinheiro do nosso próprio bolso para investir no esporte. Certa vez em uma competição em São Paulo, o pneu da nossa bike estourou no primeiro quilômetro de prova. A Nelma pensou em desistir, mas eu perguntei pra ela se a gente fosse empurrando a bicicleta até o fim da prova ainda valeria, ela disse que sim. Então eu falei que, portanto, era daquele jeito que chegaríamos ao final. Fomos empurrando a bike até à linha de chegada”, conta.A maior dificuldade para a Marleide sempre foi o preconceito. Atualmente ela se diz mais preparada, mas revela que já sofreu bastante. “No começo foi muito difícil sim. Teve o caso de uma pessoa que se sentou ao meu lado e disse que preferia estar morta a ser cega. E outro episódio, que nunca esqueço, foi quando subi em um ônibus e o motorista não deixou entrar depois que percebeu que eu era deficiente visual”, relata.Ciclismo Paraolímpico - Nelma Raizer, a treinadora de ciclismo de Marleide, explica que a bicicleta utilizada para o ciclismo paraolímpico é um tipo especial para os portadores de deficiência. É uma bike dupla com dois assentos. A deficiente física vai atrás e a guia piloto na frente. As duas pedalam.“Os meus treinos com a Marleide não podem ser feitos na ciclovia, por exemplo. Preferimos treinar em estradas onde o trânsito é formado mais por carros do que por bicicletas e motos. Estes veículos atrapalham e muitos não respeitam, não têm paciência. Buzinam, gritam... Por isso optamos em treinar em estradas mesmo”, diz. Os treinamentos das atletas acontecem todas as terças e quintas de manhã e em alguns domingos também.“Guiar significa ter muita responsabilidade e atenção, pois quando você está guiando alguém que não enxerga, os cuidados devem ser redobrados. Tem que haver muito respeito, paciência e confiança para exercer esse papel. No começo, a Marleide ficou muito desconfiada comigo. Eu mesma fiquei com medo que acontecesse alguma coisa, fiquei um pouco insegura. Mas hoje confiamos muito uma na outra e juntas somos uma só. Descobri que a verdadeira felicidade é fazer outra pessoa feliz”, conta.A dupla Marleide e Nelma já fizeram história no esporte. Duas vezes campeãs no Campeonato Brasileiro de Ciclismo Paraolímpico, elas se preparam para vencer a Copa Brasil, que acontece esse mês em Caraguatatuba, em São Paulo.Se conseguirem uma boa classificação e tiverem bom desempenho na segunda etapa, que acontece em Brasília, vão para o Mundial no Canadá acumular mais pontos para conseguir chegar as Paraolimpíadas em 2012. “Meu maior objetivo atual é ir para as Paraolimpíadas em 2012, se Deus quiser trarei uma medalha para o Brasil”, revela Marleide, emocionada.

Fonte: http://www.online.unisanta.br/2010/05-08/esportes-1.htm


                                                                                                                                                                   


Depoimento de Marleide na Novela Viver a Vida (07/04/10).



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